sábado, 7 de abril de 2012

Literatura através da História - parte 4


Idade Moderna

Com a tomada de Constantinopla, muitos de seus habitantes fugiram para as cidades comerciais da Itália, com as quais mantinham negócios, e com eles levaram a cultura greco-latina. Assim, os centros comerciais tornaram-se também centros culturais. O gosto pela cultura greco-romana, de seus conceitos filosóficos e artísticos, foi revivido, daí o nome de Renascimento (séc. XIV ao XVI). Revaloriza-se o conceito de que o homem é o centro do universo (Humanismo), a razão e a observação passam a reger o conhecimento. Com isso revolucionasse o conceito de Ciência e gera novos padrões de arte. Esta passa a refletir o gosto clássico pelo equilíbrio, harmonia e perfeição das formas, o que valeu ao movimento o nome de Classicismo.
A revalorização da razão e do espírito científico-filosófico levou ao questionamento da Igreja como instituição e os dogmas que adotava. Criticava-se a grande riqueza da Igreja frente à situação de pobreza do povo, a venda de indulgências, a corrupção do clero, etc. Muitos foram os que tentaram reformar a Igreja, dentre estes estava Martin Lutero. Ele propunha uma Igreja mais simples, onde seus membros pudessem ler a Bíblia e interpretá-las sem a intermediação de um sacerdote. Pregava que a salvação vinha pelo crer em Cristo, ou seja, de graça, sem pagamento de indulgências. O povo recebeu com alegria tais conceitos, mas não a Igreja, que sem conseguir convencer Lutero a voltar atrás em suas idéias, o excomungou. Mas este obteve vários seguidores para sua doutrina. A essa ruptura chamou-se Reforma (séc. XVI). Além do povo, alguns reis também apoiaram Lutero, pois viam em suas doutrinas um modo de se livrarem do poder da Igreja, que muitas vezes mandavam mais que eles.
Com a Reforma, a revalorização do homem e o racionalismo (só o que a razão explica é verdadeiro) a Igreja perdeu boa parte de seu poder e riqueza. Com o intuito de recuperar o terreno perdido, ela promove a Contra-reforma, medidas que visavam a reorganização da Igreja Romana e o combate aos protestantes. Com isso o povo é bombardeado por pregações e doutrinas que visavam despertar a fé adormecida.
É bom lembrar que o homem renascentista continuava ainda apegado à religião, mas a razão falava até sobre esta. Com o bombardeio ideológico da Contra-reforma (pregando que se o homem continuasse apegado às coisas do mundo, perderia sua alma), este lado religioso do homem foi acentuado, entrando em claro conflito com a Ciência e a razão. Assim, o homem passou a oscilar entre dois extremos: salvar a alma, negando os prazeres do mundo, ou aproveitar a vida, enquanto se está vivo, e perder a alma.
Esse conflito entre ciência e fé, pecado e pureza, passa a ser refletido nas artes. Nestas, pecado e fé andam de mãos juntos, refletindo essa dualidade do homem, como no caso dos anjos e santas com corpos bem torneados, sedutores e no jogo de luz e sombra (fé e pecado) criando o efeito de profundidade (refletindo a do próprio homem). A arte perde seu aspecto de tranqüilidade. Seu significado já não é mais explícito, tornando-se subjetivo a cada observador. A este movimento artístico denominou-se Barroco.

Com o crescimento da população européia e a formação dos Impérios coloniais, houve um aumento do mercado consumidor, reforçado pelo “pacto colonial”, em que a colônia só podia comprar produtos da metrópole. Com isso foi necessário aumentar a produção. Surgem as manufaturas, em que artesãos trabalham para o dono da oficina, das ferramentas e da matéria prima, o que leva a formação de uma nova classe social: o proletariado.
O desenvolvimento cientifico estimulou o tecnológico. Surgiu a máquina a vapor que levou a criação de teares industriais, locomotivas e outras máquinas. Um invento levava a outro, o que levou à rápida mecanização da indústria (Revolução Industrial).
A burguesia ganha mais poder econômico e passa a querer maior participação no governo, na defesa de seus interesses, já que ela passa a ser o sustentáculo econômico da ociosa nobreza e, mesmo assim, sofrendo discriminações por parte dela.
O problema da ascensão burguesa supera o religioso, e desta surgi uma nova maneira de ver o mundo. Nestes os princípios greco-romanos são reformulados. Descartes sistematiza o racionalismo filosófico, em que é só através da razão que se chega à verdade, e não através de revelações divinas. Isaac Newton divulga a pesquisa sobre as leis que regem o Universo, que são leis naturais. John Locke diz que os homens são livres e iguais, são racionais e têm direitos inalienáveis à vida, à liberdade e à propriedade. Prega-se que é só através do conhecimento, da razão, da ciência e do equilíbrio é que a sociedade pode evoluir. Assim houve a preocupação de levar esses conhecimentos à população, o que valeu ao movimento e a esta nova maneira de pensar o nome de Iluminismo, daí ser chamado o séc. XVIII em Século das Luzes.
Claro está que todo esse pensamento burguês vinha em prol de seus próprios interesses, uma vez que punham em questão a autoridade absoluta dos reis (absolutismo monárquico) e do clero.
Seguindo estas idéias, e já cansada do exagero do Barroco, a arte torna a se voltar para os modelos greco-romanos, que resumem a questão de equilíbrio e razão (Neoclassicismo). Baseados na teoria do bom selvagem de Rousseau (o homem já nasce bom, mas corrompido pela sociedade; portanto, deve voltar-se para a natureza pura) os escritores produzem textos voltados para a vida no campo e a integração com a natureza. Inspira-se nas lendas acerca da Arcádia, região da Grécia habitada por pastores que vivem em perfeita integração com a natureza. Por isso o nome de Arcadismo a este estilo literário.
Os ideais burgueses e o Iluminismo forneceram as bases ideológicas para as revoluções americana e francesa. Esta última, em que a burguesia assumiu o poder com forte participação do povo, marca o fim da Idade Moderna.

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