Idade Contemporânea
Inspirados pelas revoluções americana e francesa, outros países
buscam e conseguem suas independência. Cria-se em cada desses países
um forte sentimento de valorização da nação, da própria terra,
natureza e do próprio homem natural da terra. Era uma forma de cada
povo, cada nação, se afirmar como indivíduo-nação, que tem suas
próprias características, seus próprios padrões de beleza, e que,
portanto, não precisavam importar tais valores de nenhum outro povo,
atual ou do passado.
A arte
passa a refletir esse individualismo, combinado ainda com o ideal de
liberdade e de que o homem bom é o homem natural, sem a influência
da sociedade. A liberdade é refletida na liberdade de produção e
principalmente da liberdade das emoções, dos conflitos interiores
do homem, seus sonhos e ambições. A expressão desses sentimentos
conflituosos e esperançosos era reforçada pelo clima de revolução
ainda reinante. Esta liberdade de expressão dos sentimentos reforça
ainda mais o individualismo, já que cada pessoa tem seus próprios
sonhos e esperanças. Mas essa idealização interior não consegue
se realizar na realidade. Esta frustração com a realidade leva
muitos escritores à depressão e mesmo ao suicídio. Tal estado de
espírito se torna tão comum que é chamado de mal do século.
A esse novo estilo da arte dar-se o nome de Romantismo, que
veio novamente a se afastar dos padrões greco-romanos.
Com a
valorização da nação como um “indivíduo”, os artistas dessa
época passam a cantar a própria terra, retomando o passado
histórico e criando personagens do tipo herói nacional. Na Europa
a literatura retoma a Idade Média, e no Brasil as paisagens naturais
e a figura do índio, como o verdadeiro homem natural da terra (leia
“O Guarani”).
É bom
notar que estes ideais refletem a ideologia da burguesia, agora
classe dominante.
Com o
tempo a ciência se desenvolveu, permitindo a indústria evoluir
ainda mais, passando a utilizar o aço, o petróleo e a eletricidade
(período que chamou de 2ª Revolução Industrial). Tal evolução
tecnológica levou a criação de grandes complexos industriais e o
conseqüente aumento da massa operária urbana. Esta última não
gozava, como os burgueses, do progresso industrial, pelo contrário,
era explorada e sujeita a condições subumanas de trabalho.
Os
pensadores e artista começaram a tomar consciência dessa realidade,
de modo que passaram a retratá-las em suas teorias e obras de arte.
Por essa preocupação em retratar a realidade, esse movimento ficou
conhecido como Realista.
Nas
décadas de transição do séc. XIX para o XX o processo de
industrialização já estava bastante difundido, criando verdadeiras
nações industriais e nações fornecedores de matéria-prima e
mercado consumidor. Com isto criou-se um clima de disputa entre as
nações por esses mercados de consumo, o que levou a “retaliação”
da África e a ampliação de influências sobre os territórios
asiáticos. Com esse clima de disputa comercial criou um clima de
guerra. As nações formaram alianças para se defenderem contra as
nações inimigas. Assim formou a Tríplice Aliança (Alemanha,
Áustria e Itália) e a Tríplice Entente (Rússia, França e
Inglaterra). Aumentou, também, a luta entre as classes sociais.
Quando a Sérvia declarou guerra à Áustria, todos os países das
alianças também entraram, e mais tarde até os Estados Unidos. Era
a I Guerra Mundial (1914 - 1918).
Nesse
clima de conflito mundial passou-se a se negar essa realidade dura de
ser compreendida. O homem passou a se refugiar dentro de si próprio,
buscando sua realidade subjetiva, seu “eu” interior, o
inconsciente. Tendência reforçada pelas teorias psicanalíticas de
Freud, que dizia que os impulsos naturais do homem, seus
desejos, estavam reprimidos no inconsciente por serem proibidos de se
expressarem no meio social. Dizia ainda que os sonhos, com sua
linguagem simbólica, eram uma forma de se acessar esses desejos e de
satisfazê-lo de forma sublimada, de modo que o consciente não
percebesse o real sentido. Os artistas, na busca de “eu”
subjetivo e escondido e do lado espiritual, passaram a usar da
linguagem simbólica como forma de expressão, dando ao movimento o
nome de Simbolismo. Agora a morte não era mais simplesmente
uma fuga da realidade, mas uma forma de se realizar o verdadeiro
“eu”, pois só se libertando do corpo, a alma pode se integrar ao
resto do universo.
Esse
contraste entre desenvolvimento industrial e pessimismo criou um
clima propício para uma efervescência artística, surgindo várias
tendências com formas diferentes de se interpretar a realidade. Daí
surgiram o Futurismo (exaltação da vida moderna, da máquina,
da eletricidade, do automóvel, etc.), o Expressionismo (expressão
das imagens nascidas do interior, sem se importar com os conceitos de
beleza vigentes), o Cubismo, o Dadaísmo (“dada”
não significa nada; negação do passado, presente e futuro; grito
contra o capitalismo burguês e o mundo em guerra) e Surrealismo
(expressão do homem primitivo, do inconsciente, dos sonhos;
“admitem que a razão pode dar-nos a ciência, mas afirmam que só
a não-razão pode dar-nos a arte). A essa variedade de tendências
convencionou-se chamar de Vanguarda Européia. Tais
tendências vão influenciar os modernistas brasileiros.
parte 4
parte 4